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por , especial para o LiceuOnline.

Por Maria de Fátima Batista Vieira*, especial para LiceuOnline 

Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi um filósofo, filólogo e crítico severo da formação intelectual do Ocidente. Diante de um filósofo do século XIX, uma pergunta se torna comum entre as discussões e os debates acadêmicos repetidamente: qual a novidade da argumentação de Nietzsche? Exigência ou incitação cara para um filósofo onde suas ideias estão fincadas em problemas pertinentes que rodeiam sua época. Talvez, de maneira mais apropriada, se mudássemos a pergunta para: como as argumentações de Nietzsche em sua época podem contribuir para pensarmos nosso cenário atual? Ou de outra forma: O que podemos retirar de seu pensamento para pensar nossa atualidade? Inversão pequena, porém, satisfatória para os pesquisadores que se dedicam ao estudo de ideias e pensamentos de autores distintos retirando, desse modo, o fardo da exigência pelo “novo”.

Ao deparamo-nos com as leituras nietzschianas e sobre aquilo o que elas têm a contribuir para o conhecimento histórico necessitamos compreender os caminhos traçados entre a história e a filosofia. O que nos incita a perguntar: quais as relações recíprocas e tensas entre o diálogo história e filosofia? Até que ponto podemos considerar o saber filosófico como frutífero para refletirmos sobre os problemas imanentes da historiografia?

Dentro do cenário francês, o diálogo entre história e filosofia é marcado por uma tensa relação de suspeita e de desinteresse pelos historiadores, grande parte advindo das desconfianças em torno das contribuições filosóficas trazidas pelos sistemas filosóficos que fortificaram-se no século XIX, principalmente aqueles apresentados pelo Positivismo (e mais adiante, com a Escola Metódica). Para Henri-Irénée Marrou, o diálogo entre história e filosofia é fundado dentro dessas complexas distinções entre as abordagens trazidas pelo Positivismo e as bases que fundamentaram os Annales no século XX. Mesmo esse segundo apostando numa interdisciplinaridade, o campo filosófico não aparecia como uma área frutífera para o campo histórico, devido sua renúncia pelos debates que levaram à filosofia positivista. Porém, Marrou expressa, em meados de 1954, que essa atitude de renúncia da filosofia, resumindo-a apenas as discussões filosóficas positivistas precisa ser urgentemente repensada e refletida. Para o autor, a falta de diálogo com a filosofia pode levar o campo historiográfico à ausência de reflexão sobre sua própria natureza histórica e a sua prática historiográfica também é atingida. Afirmações tais como as de Lucien Febvre que diz que os historiadores não precisam de grandes necessidades filosóficas (FEBVRE: 1989), carecem ser repensadas para refletirmos sobre aquilo que persegue o campo historiográfico a problematizar: o comprometimento com a validação do conhecimento. Contudo, isso compete a uma discussão filosófica extensa em relação ao conceito de verdade, que a tradição ocidental buscou de inúmeras formas discutir – a exemplo dos argumentos filosóficos trazidos por Nietzsche – por isso, Marrou expõe como é relevante a reinserção do diálogo com filosofia dentro do campo historiográfico, através da superação do “preconceito” em resumir as contribuições filosóficas somente sobre aquilo que integram as discussões positivistas. (MARROU: 1978). Desse modo, para o autor, as abordagens filosóficas são necessárias à historiografia, na medida em que suas argumentações estão fincadas dentro de discussões que fazem parte integralmente do âmbito filosófico. Ao debater o problema da verdade, os historiadores precisam das discussões filosóficas. Nesse sentido, o diálogo com a filosofia poderá ajudar os historiadores a refletirem sobre suas teorias e suas práticas, de maneira mais crítica e fundamentada e não apenas como uma atitude de contraposição com as ideias trazidas pelo Positivismo, que parecem soar mais alto, na reelaboração dos fundamentos históricos feita pelos Annales no século XX. Chartier aponta que para compreendermos a distância entre os campos “é na verdade a Hegel, que é preciso recorrer se se quiser compreender de modo correto, a distância acentuada entre as práticas dos historiadores e a representação filosófica da história”. (CHARTIER, 2002, p. 73). Por causa de sua influência sistemática e teleológica sobre a história.

A disparidade de práticas e objetivos entre a filosofia e a história também pode ser apontada como um traço que contribuiu para o fortalecimento da insistência em tornar os campos divergentes. Notou-se a divergência desde os pensamentos ligados as duas fases dos Annales, ainda dentro da pretensão de aproximação entre história e ciência, suas práticas foram entendidas como distintas das intenções atribuídas à filosofia, que caracterizavam-se enquanto atividades mais reflexivas. A historiografia, ainda bastante seduzida pela ligação com a cientificidade, priorizou a prática empírica como fundamental para a produção historiográfica. Assim como cita Pereira:

Entre os Annales, a cientificidade da história ajudou a reforçar seu distanciamento com a filosofia, legando aos próprios historiadores a tarefa de definir seus parâmetros metodológicos e teóricos, desvalorizando questionamentos fundamentais que envolviam a narrativa, a temporalidade, as continuidades, o sentido histórico etc. Assim, a tradição epistemológica dos Annales se apoiou no empirismo como base que conferia a solidez à cientificidade histórica. (PEREIRA, 2013, p. 16).

A aproximação e fortificação entre história e ciência possibilitou o afastamento intenso das discussões elaboradas no interior do âmbito filosófico. Primeiramente por não despertarem interesses dos historiadores ligados aos Annales, incentivados pelas intenções empiristas dentro de uma diversificação disciplinar e metodológica. E segundo, porque a filosofia investia numa prática reflexiva de conceitos e ideias de distintos pensadores, em que não compete numa atividade empírica a desenvolver. As mútuas diferenças fizeram com que o diálogo entre filosofia e história se tornassem saberes e campos improváveis e incompatíveis. Roger Chartier atua como um dos historiadores que se preocupou com a relevância do diálogo entre as áreas de estudos, o mesmo argumenta um ponto que intensifica a distinção entre as práticas históricas e as filosóficas. Nota-se:

Colocando a questão mais a sério, a perturbação do historiador advém do distanciamento constatado entre dois universos de saber, em grande medida estranhos um ao outro. A história tal como se faz não atribui, com efeito, a mínima importância ao questionário clássico dos discursos filosóficos produzidos a seu respeito […] parecem não possuir pertinência operatória para a prática histórica. (CHARTIER, 2002, p. 69).

O desinteresse pelo questionamento filosófico não surte efeitos e não aparece enquanto um campo contribuinte à prática historiográfica. O desejo pelo estatuto científico parece, de todo modo, falar mais alto que qualquer contribuição trazida pela filosofia diante dos conceitos que a mesma se propôs a discutir e a refletir durante muito tempo. Mesmo com a Escola dos Annales (em destaque a primeira e a segunda geração) que trouxe uma definição de História enquanto um “conhecimento cientificamente conduzido” pensado por Febvre e Bloch, não se abandonou o anseio de relacionar história e ciência, principalmente com as abordagens trazidas por Braudel em O mediterrâneo. Braudel buscou de diversas formas evitar a compreensão do conhecimento histórico como uma espécie de narrativa, com a tentativa de não repetir os erros cometidos pelos historiadores ligados ao Positivismo e sua intensa objetivação em aproximar a História do campo científico e, assim, chegar a uma validação suficiente do conhecimento legítimo. Essa atitude levada ao ápice por Braudel tornou-se, de maneira demasiada, um problema frágil e questionável dentro do campo historiográfico. Peter Burke, ao abordar o caráter narrativo trazido por Braudel, cita Paul Ricouer: “Ricouer prossegue declarando que toda a história escrita incluindo a chamada “estrutural” associada a Braudel, necessariamente assume algum tipo de narrativa” (BURKE, 1997, p. 328). Percebemos assim, que mesmo a geração de Braudel, considerada pelos historiadores como aquela que mais aproximou-se de uma “verdade” é, apontada por Ricouer, enquanto uma forma de narração. Paul Ricouer é um dos principais filósofos que têm trabalhos dedicados à história e, na mesma proporção, permitiram uma abertura para o retorno do diálogo entre filosofia e história no século XX. Porém, quais as consequências do distanciamento? O que levou a desmitificação do anseio em tornar a História um campo científico comparado as ciências exatas – a exemplo da matemática – tal como pudemos observar na chamada história estrutural ou seriada elaborada por Braudel?

Vamos observar uma mudança na compreensão historiográfica depois do cenário pós-guerra, principalmente a partir de 1980 (PEREIRA: 2013). A partir disso, observamos as primeiras investidas numa reconsideração sobre a possibilidade do diálogo entre Filosofia e História. Começa-se ser discutido e reinserido enquanto campos epistemológicos autônomos e necessários um ao outro, mudanças observadas através de posições teóricas de autores tais como: Foucault, Ricoeur, Veyne, Benjamin e dentre outros; que trouxeram modos de pensar distintos daqueles atribuídos a filosofia da história. Através dessas abordagens, o conhecimento filosófico começa a ser inserido aos poucos como uma possibilidade saudável e contribuinte ao trabalho historiográfico. Com a entrada destes autores, que dedicaram-se a problematizar conceitos como os de realidade, de verdade, de ficção, de narrativa, de ciência; o discurso filosófico se reaproximou da historiografia devido:

A atenção no conceito que mais diferencia da herança deixada pela “história filosófica”: o de descontinuidade. Na sua prática, os historiadores romperam decididamente com um pensamento de totalidade – que identifica o princípio único, o princípio “substancial” universalmente presente nas diferentes “formas” ou “esferas” que o realizam em um dado momento […] e um pensamento da continuidade – que postula unidade do Espírito através de suas diferentes, sucessivas e necessárias particularidades históricas. (CHARTIER, 2002, p. 75).

Inspirada pelas discussões foucaultianas que trazem o conceito de descontinuidade como necessário ao saber histórico rompendo, dessa forma, com a noção de totalidade e continuidade como uma meta à restituição do conhecimento enquanto uma legitimação científica, o diálogo entre os campos começou a ser novamente repensado como mutualmente contribuintes. Mas, quando as leituras de Nietzsche começaram a ser tidas como contribuições para o campo histórico? Dentro deste cenário de tentativas de desmitificação das argumentações braudelianas e as aceitações das discussões filosóficas trazidas por Foucault (distintamente daquelas comuns as filosofias da história – a exemplo do próprio Hegel), as leituras de Nietzsche começam a ser vistas como possíveis contribuições para a reflexão tanto teórica quanto prática no interior do âmbito historiográfico. Porém, suas contribuições levam os pensadores as distintas interpretações de suas obras, todavia, um destaque em seu pensamento pauta-se na sua crítica a concepção de ciência moderna, na qual inspirou o próprio Foucault na elaboração de seus pensamentos. Segundo Foucault, Nietzsche trouxe uma mudança na compreensão temporal. O presente passa a ser o ponto de diagnóstico, já que ele tem uma historicidade intrínseca. Questão que influenciou Koselleck e Hartog, quando problematizam as instâncias temporais através do presente. As reflexões de Nietzsche sobre a história, desse modo, aparecerem como possibilidades de repensarmos nossas práticas de reflexão sobre o passado. Com o cenário de fragmentação da história que acompanhamos atualmente, Nietzsche atua como um autor chave para identificarmos os problemas de legitimidade daquilo que podemos chamar de verdade. Ao mesmo tempo que Nietzsche, tal como para Foucault, trouxe uma problematização pertinente sobre o presente, para outros, como o historiador brasileiro José Assunção Barros, o mesmo contribuiu para a entrada nas questões pós-modernistas. Essas distintas interpretações e recepções de seus argumentos advém, primordialmente, de sua característica de escrita extemporânea. Karl Löwith, em sua obra O sentido da História, expõe uma carta de Nietzsche escrita para Veneza “[…] A minha obra tem uma época, não quero que me interpretem mal, como se tivesse preocupado com uma missão específica do momento presente. […]”. (LÖWITH, 1997, p. 217). Por isso, as inquietações de Nietzsche não foram ouvidas em sua época. Na História, poucos receberam os combates de Nietzsche como pertinentes, com exceção de Jacob Burckhardt.

Nietzsche, desde de seus escritos iniciais, trouxe preocupações com as utilidades do conhecimento histórico. Dedicou-se, sua Segunda Consideração Extemporânea (1874) intitulada “Sobre a utilidade e a desvantagem da história para a vida”, para expor o abuso da história feito pelo modernidade. Nela, Nietzsche problematiza o uso feito do saber histórico, do qual resultou num diagnóstico daquilo que chamou de “doença histórica”, ou seja, um uso demasiado dos estudos históricos. Veja-se “Nunca a consideração histórica voou tão alto, nem mesmo em sonho: agora a história humana é apenas a continuação da história animal e vegetal” (cf. HL/Co. Ext. II 9, KSA 1. 120). Nietzsche inaugura um modo de investigação sobre o presente, o mesmo traça a necessidade de entender o conhecimento a partir de sua atualidade, expondo a precisão de uma avaliação axiológica sobre o passado, nesse sentido, o esquecimento agiria como a força de equilíbrio do passado que mostra-se em exagero. Essa proposta de pensar a atualidade como um diagnóstico influenciou autores como Foucault, Bachelard, Deleuze, Heidegger etc. Impactos que também podem ser vistos em campos distintos, tais como o âmbito da História das Ciências, assim aponta Almeida (2019, p. 731)uma das principais transformações provocadas pela obra de Bachelard, por meio da atualização nietzschiana de um problema filosófico da modernidade, foi a transformação da função histórica da atualidade na teoria e na prática da História das Ciências”.

A problematização em torno no presente é ampliada por Nietzsche através da questão moral. Tema fundamental para combater os princípios metafísicos, postos pelo filósofo como aqueles mais destrutivos à vida. O domínio da ciência na modernidade é um problema que têm ligações com o “poder” que a moralidade assumiu. Roberto Machado escreve que é “a ciência não está isenta de juízos de valor; mais ainda: é a moral que dá valor à ciência. (MACHADO, 1999, p. 09). Por isso, esse é um dos temas centrais de Nietzsche. O filósofo, utiliza-se mais uma vez da história, ou melhor dizendo, do sentido histórico como uma peça fundamental de confronto contra a metafísica. Usa-se a história para desmitificar a noção de origem absoluta e eternas das coisas, contrariamente, Nietzsche expõe como as coisas e as nomeações são características históricas e linguísticas. Essas reflexões compõem uma das suas principais obras “intermediárias”, intitulada Humano, demasiado Humano (1878). Nesse escrito, o filósofo amplia a discussão sobre a moral (já iniciada no seu texto de 1873 “Sobre verdade e mentira no sentido extramoral”) trazendo a positivação do sentido histórico e pondo a sua falta como “um defeito hereditário dos filósofos”. A historicidade atuara para Nietzsche como uma possibilidade de romper com os pares de opostos (lógico/ilógico, verdade/mentira, ciência/arte) que sustentam a metafísica. Nota-se:

Já a filosofia histórica, que não se pode mais conceber como distinta da ciência natural, o mais novo dos métodos filosóficos, constatou, em certos casos (e provavelmente chegará ao mesmo resultado em todos eles), que não há opostos, salvo no exagero habitual da concepção popular ou metafísica, e que na base dessa contraposição está o erro da razão […](cf. MA I/HH I § 1, KSA 2. 15).

Nesse escrito de 1878, já começaremos observar a construção de um projeto embrionário de Nietzsche que toma forma através de sua discussão genealógica. O filósofo do martelo, percebeu a necessidade de problematização em torno da metafísica através da moral, com o diálogo com a História e uma aproximação com as ciências naturais. Quando Nietzsche fala de vida, o mesmo pretende trazer a positivação dos instintos, das forças, dos impulsos humanos. Entendendo-os como incabíveis em sistemas filosóficos. O diálogo com as ciências (como a fisiologia, biologia, química, física, etc.) contribuiu para seu combate contra a ideia de uma progressão teleológica e a valorização sensorial do corpo.

Desde os primeiros até os escritos finais de Nietzsche, observamos uma preocupação com o presente, essa seja, talvez, uma das principais contribuições que podemos retirar das argumentações nietzschianas e associar ao campo histórico. Não é estranho os obstáculos que Nietzsche traz à combate: a metafísica que se fundamenta numa ideia de futuro, por outro lado, a Ciência Histórica (tendo como principal influência Leopold von Ranke) que põe o conhecimento histórico como processo de interpretação e reconstrução fiel do passado. Nietzsche tentou romper com a noção de continuidade, e a noção de descontinuidade tomou força e forma com Foucault, que diz: “A genealogia não se opõe à história como a visão altiva e profunda do filósofo ao olhar de toupeira do cientista: ela se opõe, ao contrário, ao desdobramento meta-histórico das significações ideias e das indefinidas teleologias”. (FOUCAULT, 1998, p. 16). Nietzsche atuou como um filósofo que inaugurou uma forma de pensamento de sua atualidade, entendendo a modernidade não apenas como um período histórico, mas como expõe Foucault “pergunto-me se não podemos encarar a modernidade mais como uma atitude do que como um período da história”. (FOUCAULT, 2005, p. 341). Por atitude, entende-se uma forma de relacionamento com sua atualidade, ou seja, entender seus pensamentos e suas maneiras de agir, compreendendo suas tarefas e ações no presente.

 

*Mestranda em História pela Universidade Federal de Goiás, com interesses nas áreas História e Filosofia. Apreciadora da música e literatura.

Lattes: http://lattes.cnpq.br/5673998670554396

Referências

ALMEIDA, Tiago Santos. “Erguendo barreiras contra o irracionalismo: História das Ciências e diagnóstico da atualidade em Gaston Bachelard”. In: In: Dossier Presention History as Diagnosis. Niterói, Vol. 25, Nº 3, 2019.

BURKE, Peter. A escola dos Annales (1929-1989): a revolução francesa da historiografia. Tradução de Nilo Odalia. São Paulo: Editora Unesp, 1997.

CHARTIER, Roger. O passado composto e as relações entre filosofia e história. In: A história cultural: entre práticas e representações. Trad. Maria Manuela Galhardo. 2.ed. Lisboa: Difel, 2002.

FOUCAULT, Michel. Nietzsche, a genealogia, a his­tória. In: FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Tradução Roberto Machado. Editora Graal, Rio de Janeiro 1998.

FOUCAULT, Michel “O que são as Luzes”. In: Arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento. Coleção Ditos & Escritos, vol. II. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.

HARTOG, François. Crer em História. Trad. Camila Dias. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

LÖWITH, Karl. O sentido da história. Lisboa: Edições 70, 1997.

MACHADO, Roberto. Nietzsche e a Verdade. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

MARROU, Henri Irénée. Sobre o conhecimento histórico. Trad. Roberto Cortes de Lacerda. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

NIETZSCHE, Friedrich. Segunda consideração extemporânea: sobre a utilidade e a desvantagem da história para a vida. 1ª ed. Tradução. e Organização: André Itaparica. São Paulo: Hedra, 2014.

_____________________. A Genealogia da moral. Trad. Mario Ferreira dos Santos. 4ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

_____________________. Humano, demasiado Humano: um livro para espíritos livres. Trad. Paulo César de Sousa. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

PEREIRA, Lucas de Almeida. Entre Clio e Sophia: um mapeamento das relações entre história e filosofia através dos diálogos entre Michel de Foucault e os historiadores dos Annales. Tese (Doutorado) – Faculdade de Ciências e Letras de Assis, Universidade Federal Paulista: Assis, 2013.

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Comentários...

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  1. Excelente reflexão. Não há História sem filosofia rsrs. Parabéns à autora! O texto ficou muito bem elaborado, digno de uma revista acadêmica profissional. Obrigado pela contribuição, e contamos com mais!

  2. Muito bom o texto. Bem escrito. Acrescentaria que um lance importante é que essa discussão sobre a filosofia acaba se reduzindo a uma discussão epistemologica. Mesmo quando se critica ou matiza a cientificidade ds história e a aproxima da literatura. As pessoas têm medo de discutir que a filosofia não deve se separar da vida. Que, para além da cientificidade, os homens fazem historia vivendo e, por isso filosofando, no sentido de projetarem a vida, sonharem, criarem um mundo novo. Isso deve ser levado em conta por uma ciência filosófica e vai muito além de uma discussão epistemológica e metodológica sobre narrativa, tempo, temporalidade, objetividade, teleologia, nesse sentido de entidades e causas finais que colocam o debate. Houve uma interdição ao sentido metafísico e sua existência real. Esse é um problema que adentra a fisiologia cerebral, inclusive. E a galera só debate a legitimitade científica da história enquanto disciplina. Os Gregos sabiam muito bem disso. A filosofia pra eles partia de uma relação direta entre saber e poder. No capitalismo a filosofia virou coisa professoral e a ciência assumiu a construção do sentido da história. Só que a ciência não tem condições de autocrítica e de pensar a natureza humana como a filosofia, que se relaciona mesmo com a mitologia e a religião de forma mais rica e profunda. O resultado é que as ciências reproduziram a filosofia dominante no senso comum de forma acrítica. Engraçado como as pessoas mal tocam nessas questões nessa debate. Acabamos cooptados pelo sentido que o capitalismo de estado monopolista e financeirizado impôs no lugar do embate de ideias como projetos de homens e modos de vida.

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