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por Isabela Padilha Papke, especial para o LiceuOnline.

José Saramago foi tradutor, romancista, editor, poeta, ensaísta e jornalista. Ganhou o prêmio Nobel da Literatura em 1998, viveu a maior parte de sua vida na Capital Portuguesa e faleceu aos 82 anos em 18 de junho de 2010. Assumidamente comunista, ateu, descrente da conjuntura da democracia atual, crítico ávido do sistema econômico neoliberal e, consequentemente, do macrocosmo capitalista. Tido como um dos maiores autores da atualidade, de senso extremamente crítico, irreverente, realista, fez de suas próprias palavras um espelho de sua crença e personalidade. Tendo 37 obras publicadas, entre elas estão: Levantado do Chão (1980), Memorial do Convento (1982), O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), História do Cerco de Lisboa (1989), O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991), Ensaio sobre A Cegueira (1995), As Intermitências da Morte (2005), Poesia Completa (2005). 

Saramago é um dos autores mais conhecidos e respeitados da atualidade. Este texto é um convite a conhecer um pouco da sua influência na literatura e da importância de se realizar a leitura de suas obras.

Em seu texto, José Saramago e o elogio da tradição (2015), o professor Pedro Fernandes de Oliveira Neto, menciona que Saramago não é um escritor formado nos moldes da vida acadêmica “mas um escritor formado pelas circunstâncias e talvez esteja aqui uma condição que o faz ser o grande romancista que é. “(OLIVEIRA NETO, 2013, p.166).  Citamos esse fato pois acreditamos que ao conhecer Saramago enquanto sujeito, compreendemos sua obra como um todo. Dessa forma, passemos a observar um pouco de sua vida biográfica.

José de Sousa Saramago

José de Sousa Saramago nasceu em 16 de novembro de 1922, em Portugal, Azinnhaga, província do Ribatejo, na Rua da Lagoa. Mas mudou-se para Lisboa aos 2 anos de idade.  De família humilde, filho de um jornaleiro e de uma dona de casa, Saramago sempre fora um menino introvertido e fascinado pelo mundo dos livros. Entre 1968 e 1972, escreveu crônicas para o  diário A capital  e  o Jornal do Fundão,  nelas conseguimos  vislumbrar quem é José Saramago, sua infância pobre, a tênue relação com os avós, o sobreviver em um país essencialmente agrícola, de modernidade tardia e economia familiar,  ou até mesmo em seus poéticos relatos da infância em seus livro As pequenas memórias, ou  nos famosos Cadernos de Lanzarote,  por meio de suas palavras conseguimos delinear um contorno de quem seria esse autor português, que marcará para sempre a literatura.

 Sempre fora autodidata, um aluno de boas notas e com muita vontade de estudar, queria cursar letras, mas a condição familiar o levou a trabalhar como serralheiro mecânico e posteriormente como funcionário público. No entanto, o amor pelos livros não cessou: saia do serviço para a biblioteca de Lisboa, onde mergulhava no supra sumo dos clássicos da literatura portuguesa e encontrava lugar para escrever. É somente em 1947 que Saramago inaugura sua vida literária com sua primeira publicação: o romance Terra do Pecado.

 

A vida política e a literatura engajada

Em 1969, Saramago filia-se ao PCP após algum tempo de colaboração discreta com os comunistas, o que coroa um de seus maiores períodos de militância antifascista, tendo participado de regiões e núcleos intelectuais.  Fora integrante da oposição democrática, em Aveiro (1973) e diretor da assembleia portuguesa de escritores. 

 Retornou a literatura com a publicação de Embargo, um conto, em forma de livro, em 1973, seguido pela publicação de O ano de 1993, em 1975, marcando uma nova fase de sua literatura e de sua escrita. Em 1976 reuniu as 96 crônicas políticas publicadas no jornal Diário de Notícias, no livro denominado Os apontamentos. Em 9 de abril de 1975 foi nomeado diretor adjunto do mesmo jornal e afastado em 25 de novembro, mediante ao golpe político que deu início à ditadura salazariana, em Portugal.

Em 1976 edita e escreve Manual de Pintura e Caligrafia, consagrando sua caminhada em vias de ser um romancista, no entanto, a obra acabou não obtendo muito sucesso de vendas.  Também, em 1976, instalou-se na Vila do Lavre, pois acreditava na força política da classe trabalhadora agrícola, para reforçar-se conquistas como a reforma agrária e as nacionalizações. Esse tempo que viveu amparado pela União Coletiva de Produção no Lavre, fora essencial para seu projeto de publicação de uma de suas maiores obras: Levantado do Chão, publicada em 1979. No mesmo ano cria a peça A Noite, que foi encenada e considerada pela Associação de Crítica Portuguesa a melhor peça do ano, marcando o primeiro reconhecimento marcante de uma obra de Saramago.

Levantado do Chão inaugura o que podemos denominar como estilo saramaguiano, que consiste numa escrita que busca ignorar as convenções gramaticais da pontuação, com grandes períodos e apoiada numa forte referência aos aspectos presentes na oralidade. Levantado do chão foi o primeiro romance de Saramago a ter grande público e a ganhar a atenção da crítica, o fazendo ganhar o primeiro prêmio literário de sua vida, em 1981, o Prêmio Cidade de Lisboa.

É necessário, refletirmos com mais intensidade, o porquê de o estilo narrativo iniciado com Levantado do Chão se fazer tão importante para a consolidação de Saramago no campo literário. Se retornarmos ao texto de Pedro Fernandes de Oliveira Neto (2013), citado no começo deste artigo, veremos que Saramago  usa da oralidade para dissolver as hierarquias já sedimentadas no campo literário, pois remover até mesmo barreiras gramaticais em seu texto, numa tentativa de se aproximar  de quem lê, e principalmente que exala  uma autenticidade  escrita, que é reforçada pelas parábolas  construídas nas obras, bem como sua precisão didática em guiar seu leitor a interpretações mais profundas.

Oliveira Neto (2013), pontua que, Saramago, “faz da narrativa um espaço em que a humanidade possa se libertar de seu atual estágio de pesadelo condicionado pela supremacia dos poderes” (OLIVEIRA NETO, 2013, p.173). Ou seja, ao recorrer para a tradição da oralidade, a narrativa saramaguiana aproxima a figura do narrador e do romancista, pois assume a posição de alguém que usa da imaginação literária para pensar o mundo e as condições humanas. 

Podemos perceber que literatura de Saramago ruma para uma perspectiva construtiva que assume uma missão de provocar reflexões, de modificar o status quo em que a literatura se encontra de elitismo, e distanciamento social, para seguir nos rumos de uma perspectiva literária que se preocupa na aproximação da vida cotidiana para uma vida ficcional, no intuito de tornar a ficção objeto de reflexão da própria realidade e a literatura como objeto de modificação social. 

Esse engajamento vem de sua consolidação enquanto ser humano e ativista político, o que nos direciona para nossa perspectiva da construção do que se afere como a escrita engajada de José Saramago, mas, para isso precisamos retornar a mais alguns aspectos de sua vida privada.

 Seguindo em nossa perspectiva biográfica, em 1982, Saramago publica Memorial do Convento, que vendeu mais de 50 mil cópias em menos de 2 anos. Em seguida, em 1984, o Ano da Morte de Ricardo Reis, que em menos de um mês atingiu o marco de 20 mil cópias vendidas. Posteriormente, sua obra Jangada de Pedra, ultrapassa o marco de 40 mil exemplares vendidos em sua primeira edição, ultrapassando todas as marcas atingidas por autores portugueses. Até o final da década de 1980 já era editado em mais de 15 países e traduzido em mais de doze idiomas. Nos anos 1990, após uma de suas obras serem encenadas nos palcos do teatro Alla Scala de Milão, passa a ser reconhecido como um dos autores mais originais da atualidade pelo jornal The New York Times e alcança o marco de ser incluído, na coletânea do importante crítico Literário Harold Bloom, que selecionava os autores tidos como os mais importantes cânones da atualidade.

Jean Pierre Chauvin, em seu texto denominado Saramago, best- selller e engajamento (2016), comenta que a própria obra Saramaguiana pretendia questionar os limites do produto voltado ao entretenimento, mero passatempo – algo usual, quando estamos diante de outros best sellers.  É que, em sua obra, o convite não se restringe ao ato de ler amenidades ou preencher as brechas do tédio” (CHAUVIN,2016, p.128).

Chauvin ratifica que, em Saramago, a leitura sai de uma zona de ser apenas entretenimento, pois insere no cotidiano do leitor um inconformismo com a realidade que às vezes ele mesmo já possuía em seu subconsciente. Dessa forma sua ficção se destaca tanto pela qualidade estética, quanto pela interlocução que realiza, ao lançar ao leitor raciocínios morais.

A literatura Saramaguiana funde relato e especulação, com seus enredos que primam o desvio para interpretações maiores, conquista sua principal riqueza: a de tornar vida cotidiana especial, e de relativizar grandes feitos, fazendo do homem comum o verdadeiro personagem ficcional e fazendo com que o leitor se enxergue naquilo que escreve e que dessa forma vislumbre maiores reflexões tornando a literatura objeto de transformação da história e da sociedade.

 

O veto do governo e o exílio:

Os anos 90 pareciam ter começado com o pé direito para o autor português, no entanto, o lançamento de uma de suas mais consagradas obras lhe traria um problema, do qual jamais pensou passar.  Em 1991, José Saramago finaliza sua obra, que vinha sendo escrita desde 1986: O Evangelho Segundo Jesus Cristo.  Um livro audacioso que trazia à tona, com extremo vigor, as firmes convicções ateístas de Saramago.  No espectro cristão, o livro é considerado uma explosão de heresias, de seu início a seu fim. A narrativa desconstrói histórias canônicas bíblicas, jogando novas luzes e perspectivas sobre elas, em tese Saramago reconstrói os principais fatos do cânone bíblico, redigindo uma ficção que os narra a seus modos, com intensa ironia e criticidade.  Sendo Portugal um dos países mais católicos do mundo, lançar um livro desse teor é um ato no mínimo ousado, do qual, Saramago, sabia que provavelmente levantaria muitas críticas e polêmicas, mas nem de perto imaginou o que estava prestes a passar.

Esse episódio nos estimula a refletir a importante relação entre a literatura saramaguiana. A crítica religiosa constitui um nódulo central de questionamento, mediante a concepção ateia de mundo que Saramago possuía. Em seu marcante materialismo histórico dialético, e em seu racionalismo analítico, via a “crença divina como variável maior no que concerne à configuração de mentalidades” (AGUILERA, 2010,p.76). 

De uma perspectiva distanciada pela constante ratificação da não existência do sobrenatural, constantemente tentava redigir reflexões acerca da influência do fator Deus na vida cotidiana e na formação do caráter humano e na formação dos poderes de governo institucional.

Saramago não compreendia o fato de a religião pregar que vinha trazer o bem para humanidade, sendo que se pautava muitas vezes em incutir o sacrifício e o sofrimento humano na realidade cotidiana. Acreditava que as instituições religiosas “separam e antagonizam os seres humanos em consequência do fundamento excludente de seus ideários” (AGUILERA,2010,p.76), ao mesmo tempo que escancararam sua intransigência  na defesa específica de seus deuses.

Retalhava o fundamentalismo religioso, a intolerância e a sua imposição de código de conduta provenientes de seus dogmas. Considerava essa uma atitude de intromissão desnecessária na vida civil e política dos cidadãos como um todo, que em seu todo geral, não é massivamente cristão ou adepto a essas ideologias. Via Deus como fruto de uma imaginação coletiva, e que necessidade de transcendência que resultou numa relação mútua entre existência da morte e a existência divina.

A problematização de Deus caracteriza uma vertente singular do imaginário literário e ideológico saramaguiano, a tal ponto que o próprio autor reconhecia, paradoxal e humoristicamente, que sem Deus sua literatura perderia o sentido” (AGUILERA, 2010,p.77)

O nascimento da obra O Evangelho Segundo Jesus Cristo, ratifica o marco da expressão desse pensamento de Saramago. ao redigir um romance que humaniza a figura de cristo, que o coloca como sendo fruto de relações carnais de Maria e José, retirando a existência divina do contexto bíblico, Saramago, faz com que nós, leitores, passemos a questionar os limites das condutas religiosas, os apelos e as interferências dessas no cotidiano. A questionar a possibilidade e plausibilidade dessas histórias e do como, talvez, algumas atitudes não sejam justificáveis sem o véu da ideologia da existência do sobrenatural divino.  Essa proposta resultou em resultados de proporções gigantescas e inseriu Saramago na maior polêmica em que esteve em toda a sua vida e carreira literária.

  Em 1992, mediante as críticas e imposições da igreja católica, o governo português veta a participação de Saramago como sendo o representante português no prêmio literário europeu.  A situação teve tamanha amplitude que ganhou uma seção no parlamento, gerando tensões entre o governo e a presidência, e se amplificando para o cenário internacional, gerando um repúdio unânime dos meios culturais. O ministro francês Jack Lang comentou o veto como sendo “não hesitamos em considerar como um ato inaceitável que atinge um dos maiores escritores do nosso tempo.”, o parlamento europeu, igualmente, repudiou a ação, considerando um verdadeiro disparate para com o prêmio literário, até mesmo os próprios escritores portugueses se uniram em protesto a favor de Saramago e contra o espírito censório do governo.  

Mediante a repercussão nacional e internacional da decisão, o governo resolveu, finalmente, permitir a inscrição da obra no prêmio literário europeu. Todavia, Saramago não permitiu que sua obra retornasse ao prêmio. A situação envolvida com a censura do livro pelo governo, desgastou Saramago de tal modo, que este optou por deixar Portugal, e ir para uma espécie de exílio, em Lanzarote, nas ilhas Canárias, junto de sua esposa, Pilar Del Río.

Em Lanzarote, Saramago pôs em prática vários projetos literários. A peça In Nomine Dei, de início já fora descartada, pelo fato de ter ficado pronta antes mesmo da viagem, mas outros dois grandes planos se seguiram. A confecção de seus famosos diários, os Cadernos de Lanzarote, e a realização de uma obra que consagraria uma nova fase em sua literatura: Ensaio sobre a Cegueira. Três anos após a publicação da obra, Saramago é cotado para o receber o prêmio Nobel de 1998 e o vence, atingindo o ápice de sua carreira literária, conseguindo o prêmio máximo no ramo e se tornando o primeiro autor em língua portuguesa a receber um Nobel. Sua premiação fora um grande marco na literatura mundial, e inclusive ressuscitou a antiga problemática com sua obra Evangelho Segundo Jesus Cristo, pois sua nomeação para o prêmio levou o L’Osservatore Romano, órgão oficial do Vaticano a publicar uma nota de repúdio a academia sueca, referindo-se a Saramago como um “comunista recalcitrante, com visão substancialmente antirreligiosa do mundo”.  No entanto, nem mesmo essa tentativa de censura vinda do próprio Vaticano, foi capaz de barrar a entrega do prêmio ao Saramago, desafiando até mesmo as maiores instituições do catolicismo, o português se consagrou na literatura mundial para todo sempre.

O pós Nobel.

A produção de obras nos pós Nobel, caracteriza o que o filósofo João Marques Lopes, em sua obra Saramago: Biografia, intitulou como sendo o ciclo da alegoria, que se iniciou um pouco antes, com a publicação de Ensaio sobre a Cegueira, em 1995, passam por todos os nomes, A Caverna e O Homem Duplicado e que se findam em Ensaio Sobre a Lucidez.  O autor crê que essa fase inicia-se a partir do declínio do socialismo real, que causou diversos efeitos para o partido comunista, do qual Saramago era membro. A partir deste momento, as obras de Saramago passaram por uma metamorfose do todo ficcional em alegorias, com introdução de marcas orais, narrador heterodiegético intrometido, utilização de provérbios, ditos populares, aproximação do cotidiano para efeitos inesperados em suas obras. Acredita-se também que este tom popular teria vindo após Saramago ter ganhado o Prêmio Nobel, pois suas obras passaram a atingir um público bem mais numeroso do que antes. O autor cita, ainda, que estas alegorias funcionam como distopias de um mundo abandonado pela razão, bem avesso à dimensão futurística em forte contraste com as subversões portadoras de outros mundos encontradas em Levantado do Chão e Memorial do Convento e em outras obras dos anos de 1980.

Retornando ao texto de Jean Pierre Chauvin (2016), veremos que os livros de Saramago se projetam no intuito de realizar relações híbridas, que mesclam o gênero romance ao gênero ensaio, para aviltar o tom reflexivo das obras, a ponto de fazê-las questionar tabus e deslocar a visão tradicionalista das coisas. 

Saramago realiza, inclusive, uma composição de enredo, que contrapõe personagens de diferentes eixos sociais, realizando caricaturas até mesmo de grandes personagens históricos, que quando inseridos nas narrativas, nos fazem questionar o estatuto de questões que aparentemente estavam sem margens para questionamento. “A mentalidade dos seres representados em sua ficção coopta o leitor atento às contramarchas da história” (CHAUVIN, 2016,p.128)

As intenções de Saramago pairam na concepção de que a literatura pode instrumentalizar o seu leitor, levando-o a suspeitar de que a narrativa pode suscitar desconfiança de que o discurso infalivelmente tenderá a retratar cenários e a reproduzir as palavras favoráveis aos círculos de poder.

 Para Chauvin, a literatura saramaguiana demanda uma nova concepção de leitor, na qual a alteridade se torna condição para que a literatura sobreviva ao encantar o público em geral, por meio de sua forma expressiva, que reposiciona os leitores “revelando-lhes pensamentos que transitam entre o artifício da palavra e seu poder de intervenção e mudança.” (CHAUVIN, 2016, p.133). Quando indagado por Carlos Reis sobre a separação da condição de escritor da de cidadão, Saramago respondeu:

Eu não separo a condição de escritor da do cidadão, embora separe sim a condição de escritor da de militante político. Isso separo. Mas há que se considerar aqui uma questão: é certo que as pessoas me conhecem como escritor; mas também há com certeza muitas pessoas que, independentemente da maior ou menor importância que elas reconheçam na obra literária que faço, entendam talvez (é uma hipótese) que aquilo que digo como cidadão comum e interessado, é importante para essas mesmas pessoas. Embora eu saiba que é o escritor que transporta às costas a possibilidade de ser esta voz. (REIS, 2018, p.48)

É por meio dessa reflexão do próprio Saramago que percebemos que sua literatura tem seus aspectos sociais, o que faz sobressair a missão de conscientização de seus leitores. Quando questionado sobre a função do escritor, o português sempre afirmava que esta transcende o papel de apenas revelar uma história. Para ele, conforme afirma em entrevista ao Jornal de Lisboa, “ser escritor não é apenas escrever livros, é muito mais uma atitude perante a vida, uma exigência e uma intervenção” (AGUILERA, 2010, p.126).

Podemos perceber que a literatura de Saramago provoca uma busca que se traduz em um processo de (re)aprendizagem que começa e acaba no próprio ser humano. Em suma, nos deixa a mensagem de que há que se acreditar na capacidade de luta do ser humano, em seu potencial de atravessar adversidades, obstáculos e violências. A citar o próprio Saramago: “Creio mais na possibilidade da transformação ética do ser humano na prática cotidiana da convivência. Que a arte e a literatura podem ajudar? Sim, mas só ajudar.” (AGUILERA,2010, p.123). Finalizamos nosso texto nessa crença positiva da literatura como um meio de trazer à tona a transformação já latente no ser humano, e na crença de que, por meio desta redação, você leitor possa querer viver essa transformação, ao se tornar, também, um leitor de José Saramago.

Referências:

AGUILERA, F. G. As palavras de Saramago. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

CHAUVIN, J. P. José Saramago, best seller e engajamento. Revista USP, n. 110, p. 126-134, 2016.

LOPES, J. M. Saramago: Biografia. Leya: São Paulo, 2010.

OLIVEIRA NETO, P. F. José Saramago e o elogio da tradição. I Encontro Nacional de Estética, Literatura e Filosofia promovido pelo Grupo de Estética, Literatura Filosofia da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2013.

REIS, C. Diálogos com José Saramago. Belém: Ed. Ufpa, 2018

Sobre o(a) Autor(a)

Isabela Padilha Papke

É mestre na área de Estudos Literários pela Universidade Estadual de Maringá, tendo realizado sua pesquisa com a obra O Homem Duplicado de José Saramago. É, também, Licenciada em Letras Habilitação Única - Português e Literaturas correspondentes pela mesma Universidade. Desenvolveu o projeto de pesquisa denominado Alegoria e insólito em Ensaio sobre a cegueira e Ensaio sobre a lucidez, de José Saramago, entre os anos 2016 e 2017. Atualmente é professora de Linguagem Audiovisual e Teorias da comunicação e da Linguagem, na Faculdade Eficaz e membro do Grupo de Estudos de em História e Literatura da PUC-Minas.
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