Roteirizado por Charlie Huston a partir de seu próprio livro, “Ladrões” parte de uma premissa cara a Alfred Hitchcock – a de alguém no lugar errado e na hora errada, a pessoa tragada pelas circunstâncias numa espiral de problemas. Embora não seja algo exatamente novo no cinema, é interessante ver como o diretor Darren Aronofsky filma essa história com energia e inventividade, impulsionando o filme num movimento contínuo que quase não deixa espaços de respiro e, por isso mesmo, nos deixa próximos do estado de espírito do protagonista. Na pele de Austin Butler, Hank evita os estereótipos de situações do gênero: às vezes é ingênuo por confiar demais nas pessoas, tem dificuldades de falar não e lhe faltam habilidades extraordinárias que não a de correr rápido e saber improvisar. Embora ele e o elenco como um todo estejam muito bem, o destaque é mesmo para a conjugação de esforços da direção, da montagem e da fotografia para imprimir agilidade, caos e imprevisibilidade à história, que flui muito bem na 1h47 de projeção. Nesse sentido, Aronofsky aqui parece mais preocupado em contar uma história simples de modo engajante do que em tecer metáforas (como em “mãe!”), ressuscitar gêneros como o épico bíblico (caso de “Noé”) ou lidar com o grotesco (“A baleia”). É uma boa forma que o cineasta não exibia desde o excelente “Cisne negro”.
Nota: 4/5