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por Marcos Manoel Ferreira, especial para o LiceuOnline.

Cortar as orelhas de um burro e incrementar sua crina, não fará dele um cavalo. Bem como posar de intelectual e garanhão, levando uma vivência medíocre, famélica, madrugando para puxar carroça, para defender o parco pasto de cada dia, ajoelhado e levantando de barriga cheia. Reles existência, ruminando as próprias misérias paridas pela ignorância e as agruras das migalhas que gotejam dos banquetes palacianos.

Os atormentadores espectros enclausurados, atrás de incômodas e ruidosas prisões com teto de vidro. “Quanto de você existe naquilo que você odeia?” Freud explica, o fetiche delirante dos guerreiros, dos combatentes pela vida alheia, sob a égide dos paladinos da moral, imoral.

A mísera cocheira é picadeiro, feno repasto, cabresto adereço de luxo e grenha em neon, azul, branco e verde oliva! Figura circense, risível, atormentada pelo fracasso do estrelato e a incapacidade cognitiva, da liberdade das correntes invisíveis, que aprisiona o insight da estrela fosca e decadente. Em uníssono trote, folclórico, mitológico, apocalíptico, o obtuso do, um, dois; três, quatro! Em estado constante de mendicância de olhares e atenção, como válvula de escape para a existência mal resolvida, comum nos broncos e na sórdida dignidade dos bajuladores.

Efígie patética e sinistra, do casulo a mais fina seda, da lagarta a mais bela e colorida borboleta que pariu a cria estúpida da rameira lendária. Orelhas avantajadas, típicas do espécime, outiva aguçada e sensível, patas visíveis de coices potentes e focinho risível. A empáfia do puro-sangue, que não passa de um pangaré encilhado, mal montado e enrustido.

Sob aplausos da claque, num ensurdecedor tinir de ferraduras, as luzes da ribalta e o patético espetáculo de quem precisa de plateia para se autoafirmar. Matungo stico e xucro, arrastador de corrente e exímio lambe-botas, sonhando em ser um puro-sangue, sob folhas de bananeiras. Indômito e temperamental, a mais hilariante das pilhérias no estábulo.

A anomalia que nem Darwin explicaria a borboleta que pariu um muar de crina longa, esvoaçante e multicolor… Um arco-íris arcado nos devaneios, o quadrúpede saltitante, aos zurros e suspiros, vai se revelando um animalejo singular, arrogante e urdindo nas alcovas da insignificância. Resignado em sua estupidez e preso a covardia dos omissos, incapaz de se libertar e ser o garanhão que sempre diz ser, contudo, não passa de uma borboleta que pariu uma mula. Apague a lua e sonhe.

Sobre o(a) Autor(a)

Marcos Manoel Ferreira

Professor, Historiador e Pedagogo. Especialista em História e Cultura Afro-brasileira e Africana; Mestrando em História – Cultura, Religião e Sociedade – pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), [email protected]
Publicado no Liceu Online por:

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This Post Has One Comment

  1. Marcos Manoel é um grande formador de opinião e esclarecedor dos podres dos paladinos canalhas que usam a plateia ignorante para alcançarem seus objetivos sinistros. Parabéns professor Marcos Manoel, seus textos com pitadas de sátiras, mostra o quanto os ignorantes se identificam com os ignorantes, os canalhas com os canalhas, esses paladinos tentam transformar mentiras em verdades, até quando esses seguidores cegos continuarão comendo cocô seco e batendo Palmas? 👏👏👏👏

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