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por Elza Uchoa, especial para o LiceuOnline.

Mutação, evolução, vírus, carga viral e cepas variantes. Estes e outros termos biológicos muito utilizados nos estudos de genética se popularizaram nestes últimos dois anos frente ao avanço global da pandemia da COVID19. Para grande parte da população são conceitos desconhecidos, pois não fazem parte de suas atividades cotidianas e laborais. Neste período pandêmico vimos a Teoria da Evolução bem na nossa cara, com as peripécias de um microscópico vírus se adaptando para sobreviver, evoluindo a cada nova linhagem, uma hora Delta, depois Ômicron e que com toda certeza não irá desistir para achar sua melhor versão, passando pela Ômicron XE, DeltaCron, BA-5, corroborando assim com os estudos de Charles Darwin sobre Seleção Natural pelos princípios de sobrevivência pela adaptação. Inicialmente nós, seres humanos, fomos pegos desprevenidos frente ao ataque sorrateiro de um vírus tão incompatível com nosso sistema imune.

 

Mas o que o vírus não podia contar é que sim… nós já tínhamos um plano: As vacinas. A área científica do desenvolvimento de imunizantes é muito robusta e há tempos se debruçam em estudos e novas técnicas para o aprimoramento e eficácia das vacinas frente aos agentes patogênicos como o coronavírus, assim foi possível que em um curto espaço de tempo as nossas SALVADORAS vacinas já estivessem no seu devido lugar de direito: No organismo da população… nos protegendo! E onde a genética entra nessa história, né? É claro que para uma geneticista apaixonada como eu, a genética é a disciplina mãe de todas as áreas da saúde, mas sendo imparcial, diria que avanços importantes na área da genética foi responsável pela reviravolta no mundo científico e que hoje estamos em um patamar de produção de ciência graças à esses feitos. Você que está lendo esse artigo agora com absoluta certeza já ouviu falar de Genética dentro da sua casa em situações cotidianas como vendo televisão, lendo notícias em jornais e revistas ou ainda escutando o rádio. Em 1997 a clonagem da Ovelha Dolly foi um marco para a ciência mundial e amplamente divulgado dentro e fora do meio científico. Aposto que você já acompanhou, roendo as unhas ou se deliciando com uma pipoquinha, essas séries criminais em que o assassino é pego por seus vestígios biológicos na cena do crime ou pelo tão famoso e falado “Teste de DNA” para saber a paternidade das crianças. Temas assim, estão presentes no nosso dia a dia e por isso falar de genética de uma forma descomplicada é uma função social e educativa dos pesquisadores da área. Todos nós temos muito a ver com a Genética e todos os seus estudos que vão desde o melhoramento de plantas, investigação de fungos patogênicos, monitoramento de populações expostas à radiação e agrotóxicos e no auxílio diagnóstico e prognóstico de várias doenças.

 

Somos o resultado de combinações específicas e certeiras da famosa “Sopa de Letrinhas – A, G, C, T, que são as iniciais das bases nitrogenadas que constituem nosso código genético e graças à conclusão do Projeto Genoma Humano a “leitura” do nosso “código da vida” é possível. Isso tornou viável o entendimento do comportamento dos nossos genes frente aos agentes externos como o meio ambiente, compreender o impacto do nosso estilo de vida e promover a investigação de “equívocos” no ordenamento das letrinhas, as quais são potencialmente responsáveis pelo desenvolvimento de doenças graves.

 

Essa tentativa de entender nossos genes diz muito sobre as novas tendências de prestação de serviços na saúde, que promovem ações visando intervenções precoces buscando qualidade de vida para as pessoas. Dessa forma, a Genética detém um lugarzinho cativo em várias áreas do conhecimento e consequentemente, uma grande relevância para a sociedade. Pode ser uma ferramenta muito importante e diretiva para inúmeros profissionais. Vivemos hoje a era da Medicina Personalizada, onde esse conhecimento básico sobre as letrinhas do código da vida é fundamental.

Frente à todo esse boom tecnológico, que permite com que a Genética tenha hoje bases nas multidisciplinaridades, é preciso um novo olhar, uma nova visão que faça com que o ensino ultrapasse as fronteiras conteudistas visando apenas a aprovação no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e que a Genética se configure como uma ferramenta essencial no ensino de Ciências, dada a sua importância em todas as áreas da nossa vida. E que os cursos de graduação nas áreas da saúde sejam impactados por essa tendência e passem a inserir Genética Básica e Biologia Molecular na formação desses futuros profissionais. Que tenhamos uma sociedade mais consciente sobre os grandes impactos da ciência e tecnologia aplicadas na área da genética que está presente nos mais diversos campos e de diversas áreas do conhecimento desde tecnologias básicas para o auxílio no diagnóstico de doenças, melhoramento de plantas e até em cifras milionárias que evolvem a agropecuária para o aprimoramento de raças animais. É importante destacar que para alcançarmos essa consciência coletiva da importância da genética para a sociedade, assim como a de outras áreas do conhecimento é imprescindível que a educação seja uma prioridade. Investimentos na educação. Valorização dos Professores e Cientistas. Nesse contexto a frase de Nelson Mandela ecoa e merece sempre ser dita educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.

Que através da educação possamos aproveitar dos ensinamentos da Genética e de suas diversas aplicabilidades para o desenvolvimento da sociedade, assim como para o bem-estar humano, animal e ambiental.

Sobre o(a) Autor(a)

Elza Uchoa

Bióloga Geneticista. Mestre em Genética. Doutoranda em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal de Goiás e Professora de Educação Física para o ensino infantil.
Publicado no Liceu Online por:

Edição - Liceu Online

Revista online de Humanidades. @liceuonline

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